terça-feira, 23 de maio de 2017

Ainda Getúlio.






Como já mencionei, terminei o primeiro livro da trilogia sobre Getúlio decepcionada com ele. Acho que foi a primeira  vez que pensei de fato na gravidade que é tirar um governante eleito sem motivos perante a lei. Não foi certo o que aconteceu. Mesmo que se paute como resposta à indignação de uma parte da população.
Uma parte da população não representa o todo, e mesmo que soubéssemos que todos estavam insatisfeitos com seu governante, não era o caso de tirá-lo apenas por isso, uma vez que o sistema presidencialista não permite.   
É preciso seguir as regras vigentes. Se elas não nos cabem mais, então que as mudemos antes do jogo começar. Isto é etico! 
Percebo que daquela época até agora tivemos o regime presidencialista respeitado apenas por poucos anos. Ainda ontem mesmo estávamos nas ruas tirando mais um presidente, novamente com uma parcela da população insatisfeita somado a interesses políticos oportunistas.
Motivo perante a lei havia? Sim havia. Então qual o problema? É o uso desse motivo como pressuposto legal para atender a insatisfação de parte do povo. 
É preciso discutir o que é mais prejudicial para uma democracia. Quando fazemos uso da lei para mascarar nossas insatisfações não estamos sendo éticos. Sabemos que a lei é nosso alicerce, mas ela não deve ser interpretada acima dos valores éticos. Ou seja, mesmo que houvesse um motivo verídico perante a lei para a retirada do governante ele não deve ser usado como álibi para atender outros anseios. Se está errado, cumpra-se a lei, mas nao procure a lei para atender seus desejos.
Enfim, se eu já estava desalentada com o rumo dos acontecimentos, só piorei com o segundo livro. 
O segundo livro vai de 1930 até 1945. Neste período, como resume Maria Celina D'Araujo na aba do livro, Getúlio foi chefe do Governo Provisório (1930-34), presidente constitucional (1934-37) e por fim, ditador (1937-45). 
O que notei é que estas conotações para designar seus "mandatos" são puramente didáticas, uma vez que um movimento liderado por um homem que tira do poder um governante eleito a força, e  institui um governo  por 15 anos consecultivos sem que o povo tenha a opção de escolher o seu governante, para mim o mome disso é ditadura. 
Como o primeiro livro, este transcorre fácil, gostoso de ler. Lira tem um jeito de contar essa estória, que apesar de densa, séria e real, segue de forma leve, curiosa, prazerosa. Apenas senti falta de uma descrição e análise maior dos atos relevantes que o presidente tomou durante todos esses anos. Aprendi no colégio que Getúlio era o "pai dos pobres", que implenmentou várias medidas para melhorar a situação dos trabalhadores, que investiu na industrialização do país, mas o que mais ficou desse período, foi de um homem que tomou gosto pelo poder e quis manter este poder a todo custo, um homem que apesar de não ser um carrasco, não reprovava os que eram e às vezes comungava com suas ações, um homem que ao primeiro sinal de que ele seria retirado do poder pensava em se matar. 
Enfim, esperamos sempre mais dos que nos gorvernam! É o erro da expectativa.
Sabemos que são homens, e por isso, não são infáliveis.
Também há sempre a questão do tempo, dos costumes daquela época, da formação que a pessoa teve. Tudo isso entra na conta dos seus atos. Às vezes, para diminuir, às vezes, para somar. Cada um conhecendo a história pode fazer os seus cálculos e chegar a suas próprias conclusões.

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