quinta-feira, 21 de julho de 2016

" O meu Machadinho"









Machadinho é só para os íntimos, ou para aqueles que se julgam íntimos. Me dê licença que esse é o meu caso! Minha história com o Joaquim Maria Machado de Assis começou como a da maioria de brasileiros, com uma leitura indicada no colégio ou no vestibular. Eu não me lembro qual foi o primeiro livro de Machado que li, mas uma coisa que me chamou atenção e que gostei na época, era a forma como ele descrevia as personagens. Achava eles bem reais. Na época eu não tinha muitas comparações, pois os livros que mais lia eram livros da coleção Vaga-Lume, que eram mais aventuras e não tinham esta característica de descrever bem as personagens.
Bem ali começava a formação do meu gosto literário. Até hoje prefiro uma estória simples com personagens bem descritos física e psicologicamente a uma grande aventura em que as personagens são pouco reais.
Tá, e para quê esta história toda? 
Tudo começou com o fato de eu sempre ler e ouvi ser Machado de Assis o maior escritor brasileiro. Tá, eu me perguntava: Ah é? Por quê? Preciso descobri isso! Não que eu duvidasse, é que prefiro ter minha própria opinião e a dos outros apenas como parâmetro.
Então, comecei a saga de ler todos os 11 romances dele (eu incluo na contagem o Alienista). 
Digo saga, porque, eu tive que adquirir, pegar emprestado, baixar ou trocar livros  para ter acesso a todos. 
A leitura começou por um dos que menos gostei, que foi Memórias Póstumas de Brás Cubas. Achei o protagonista um chato! Foi difícil terminar as poucas páginas do livro. Ah, esta é uma características dos livros de Machado, são todos com mais ou menos 200 páginas. 
Como o meu objetivo não é ficar descrevendo sobre cada livro, vou apenas falar o que achei desta experiência.
De todos os livros apenas dois eu indicaria com bastante louvor: Helena e o Alienista. 
Helena é um romance com enredo engendrado, organizado, dinâmico, com início, meio e fim. A descrição das personagens é fantástica. Acho até hoje que eles existiram. Eles tem comportamentos possíveis, prováveis de ocorrerem. Não é como o Estevão de A mão e a Luva, que é um rapaz que tem um comportamento estranho para a idade, parece uma criança. É difícil ter interesse pelo resto do livro quando se está diante de uma personagem tão improvável. 
Em se falando de personagens chatos, há vários personagens principais em muitos dos livros que são pessoas ou desinteressantes ou desagradáveis. Posso citar o Felix de Ressurreição que é um rapaz imaturo, Estella de Iaiá Garcia que não luta pelo seu amor nem um minutinho, Pedro Rubião que é um bronco que não tem nada a dizer, e os irmãos de Esaú e Jacó que para mim são irreais. Ah tudo bem que irmãos tem fama de briguentos, poxa, mas não é por tudo né? Para mim seja qual for o motivo das brigas deles, isso não é enredo que me agrade.
Mas sem rancor, voltando para os que mais gostei, um deles como já disse foi o Alienista. É uma delícia de ficção. Lembra um pouco Cem Anos de Solidão. Bem doidona mesmo! Nem parece que é do mesmo autor. De tão interessante, quase dá para ler de uma tacada só. Ela não deixa você parar. Você quer saber o que vai acontecer. Tipo a última cena de uma boa série.
Os outros livros que não elogiei nem critiquei, foi porque os achei médios. Não indicaria, mas também não desencorajaria um amigo de ler.
Vão todos dizer: mas como pode deixar de fora Dom Casmurro? Pois esta aura em torno deste livro para mim não existe. Ele é um livro com uma estória boa com inicio, meio e fim. Mas é só isso. Sinceramente não acho que a intenção do autor foi dar toda essa importância à dúvida de Bentinho.
Sei que Machado escreveu além destes livros, muitos contos e poemas. Ainda não me interessei em lê-los, quem sabe um dia?
Lógico que não li todos os outros escritores brasileiros para dizer quem é  entre eles o maior. Mas desconfio que o título dado a o Machado foi em razão de ele ser um dos que mais obras fez e sendo assim, nestas encontram-se excelentes obras. Também achei que ele escrevia bonito, fazia frases elegantes, algumas vezes até difícil de entender devido ao jeito de escrever da época.
Hoje acho que conseguiria prever como seria um novo livro de Machado, caso estivesse vivo e mantivesse o seu estilo: a estória seria no Rio de Janeiro, as personagens seriam ricos, ou ricos com intenções políticas, haveria um triângulo amoroso, e um rapaz ou homem infantilóide.
Me acostumei a passar tanto tempo estando com Machado, porque ele estava comigo, ele falava comigo ao ler suas estórias, que já estou com saudades. Foi uma temporada bem legal, recomendo a quem gosta de ler fazê-la. 
Ainda não sei responder se ele é  o maior escritor brasileiro, mas foi um prazer conhecê-lo um pouquinho mais.




Dois da mesma vinícola.




Este fim de semana eu e marido experimentamos dois vinhos da vinícola Concha y Toro:  o Marques da Casa Concha e o Trio, ambos Cabernet Sauvignon. O Marques é classificado pela casa como um Fine Wine Collection, seus melhores vinhos. Ele é um varietal, ou seja, é feito com apenas um tipo de uva. É possível encontrar o Marques em várias uvas, como por ex: Sauvignon Blanc, Merlot, Carmenere e algumas outras.
Já o Trio é um vinho Premium, ou seja, menos que o Marques. Como o nome já indica, ele é formado ou por três uvas diferentes ou por três uvas iguais de diferentes regiões. Pela descrição já podemos supor que o primeiro é um pouco mais caro que o segundo.
Bom agora vamos à minha impressão: eu comecei experimentando eles às cegas e percebi logo de cara que o Marques era mais gostoso que o Trio. Depois que decidi qual dos dois mais me agradou, fui tentando encontrar mais características, que foram as seguintes: O Marques tinha mais corpo, ou seja era como se ele fosse menos líquido que o outro. Ele demorava mais para descer na boca. O Trio descia rápido. Não sei se ter mais corpo significa isso que acabei de descrever, mas achei que essa palavra casava bem com o que eu sentia e pronto, resolvi usá-la. Também achei que o Marques tinha menos tanino que o Trio. Quase não incomodava na boca. Estava perfeito, o tanino não estava excessivo nem escasso.
Também achei o Marques mais cheiroso. E consegui perceber um pouco o cheiro de madeira no Trio.
Bom é isso. Detalhes de mais cheiros e gostos não consegui perceber sozinha. Apenas depois que li sobre eles na internet consegui perceber um pouco de cheiro de café no Marques que não sei se conta, pois já estava colando da net. Com relação a cheiro de frutas vermelhas, baunilha etc não percebi.
A minha opinião é que só depois de várias experiências é possível ser tão sensível e perceber tantos aromas e cheiros como vemos os enólogos descreverem. Sem contar que para nós brasileiros é mais difícil a lembrança de alguns aromas, pois não temos tanto acesso e costume de comer os vários tipos de frutas vermelhas que são comuns na Europa. Aqui o que esta mais presente no nosso dia a dia que chega perto de frutas vermelhas são os morangos, ameixas e maçãs. Raramente levamos para casa amora, mirtilo, cerejas... Baunilha também é outro ingrediente que quase não temos costume de usar. A baunilha que temos nos produtos industrializados não conta, por que o seu gosto está longe da verdadeira baunilha em favas. 
Ou seja tudo isto dificulta a nossa sensibilidade.
Segue aí este dois bonitinhos: