segunda-feira, 29 de maio de 2017

Rio again.

Como uma profecia, eu estava de novo no Rio de Janeiro. Ainda temente a tudo e a todos, mas com uma imensa animação. Acho que as atrações que o Rio possui podem me entrerter até a morte sem me enjoar.
Fomos eu e marido novamente de ônibus até a rodoviária e até Copacabana. Confesso que o trajeto até Copacabana foi um tanto desagradável e pretendo não repeti-lo, sempre que possivel. Estava quente, o trajeto foi longo e as malas pesaram. Mas como manda o bom senso, nada de reações exageradas que não correspondam à realidade. Me distrai com as casas antigas do centro e logo em seguida com a vista da orla. Foi reconfortante. Bom, porque o que nos esperava na Av. Atlântica era de tirar o folego! E foi! Ficamos em um apart de frente para o mar que já valia a viagem.







Tinhamos vontade de conhecer o Jardim Botânico e então assim que descansamos um pouco, fomos até lá. 
Esse espaço foi fundado em 1808 pelo príncipe regente D.Jõao assim que chegou ao Brasil. É interesante saber que os primeiros jardins botânicos criados tinham o objetivo de estudar as plantas medicinais, muito valorizadas na época. Só depois foram se tornando espaços públicos onde é possível encontrar inúmeras espécies nativas e até espécies estrangeiras.
Se até Albert Einstein o visitou quando esteve no Brasil, o que eu estava fazendo que não o conhecia?









 






No dia seguinte fomos para a exposição Mondrian e o Movimento De Stijl, que acontecia no CCBB.
Antes, porém, demos uma passadinha na igreja da Candelária. É incrível! A cada vez que vou a esta igreja vejo mais beleza nela. Há lugares que tem este poder de serem eternamente atrativos. 




















A dois passos dali, já estávamos no CCBB para admirar e aprender um pouco das idéias modernistas que desde aquela época já não cabiam apenas no território holandês, e começavam a ganhar o mundo. É prazeroso poder vivenciar um pouco desses ideais tão atuais de harmonias entre as diversas formas de arte, que pregava o movimento De Stijl.

O protagonista da exposição foi Piet Mondrian, que comecou seus primeiros trabalhos com pinturas figurativas, mas ficou reconhecido mundialmente por suas obras abstratas, onde as retas horizontais cortavam as verticais, formando retângulos que eram destacados por cores primárias. 

De Stijl começou como uma revista, mas se tornou um movimento de arte que tinha como base a parceria entre artistas, arquitetos e desingers.



Prédio do CCBB




Cúpula do CCBB




Pátio de fazenda com galinhas - 1901



Casa à luz do sol - 1909



Igreja em Oostkapelle- 1908-1909 


Retrato de um senhora - 1912




Composição árvore I - 1912



Pintura n 4 / Composição n VII / Composição 3




Composição em oval com planos de cores  - 1914



Composição n 3 com planos de cores - 1917




Composição com vermelho, azul, preto, amarelo e cinza - 1921



Composição com grande plano vermelho, amarelo, preto, cinza e azul - 1921


Composição de linhas e cor : III - 1937


A exposição também trazia trabalhos de outras figuras importantes para o movimento De Stijl, como mobiliários, maquetes de casas, desenhos, exemplares da revista De Stil além de pinturas. 


Gerrit Rietveld - Cadeira Vermelho Azul - 1923


Theo Van Doesburg - Cornelis Van Eesteren - Casa de artista - maquete - 1923




O Museu do Amanhã já estava no roteiro desde a última estada no Rio. Anteriormente não conseguimos visitá-lo, pois estava com filas enormes e tínhamos que manejar o tempo de que dispúnhamos, portanto não era aceitável gastá-lo em filas.
Então, desta vez, conseguimos visitá-lo além dos seus arredores. Não havia filas, compramos os ingressos pela internet e tudo saiu favorável. 
A beleza externa desse museu se perpetua no seu interior. Mas há além de beleza: informações, indagações e esperança. 





A exposição principal é o cerne do museu. Ela é dividida em 5 grandes áreas: Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós.  
Adorei a Cosmos onde há uma projeção de um filme em 360 graus  e há telas com informções quantitativas interessantes para melhor nos situarmos perante o universo.





















("Grupo local" - complemento da informação acima)







Gostei também da área Amanhã. Lá simulamos nosso consumo e posso dizer que até hoje essa experiência se reflete em algumas ações minhas. São poucas, mas são conscientes, e para mim é o mais importante, porque são ações que tendem a não voltar atrás. Por exemplo, diminuí o número de guardanapos que uso fora de casa e em casa; procuro, sempre que dá, diminuir o número de embalagens que trago para casa quando compro algo; doo as coisas que não uso mais em vez de jogá-las fora...

A última área me marcou pela beleza, é uma "oca moderna" construída no final do trajeto dessa exposição.
A mensagem que ficou para mim é que apesar de sermos pequenos diante do universo, podemos ser grandes o suficiente para nos destruírmos e destruírmos onde estamos.



"Oca Moderna"

Havia no auditório do Museu uma exposição temporária sobre Santos Dumont com o título de "O poeta voador". Nela pudemos ver prototipos de suas principais criações e através de alguns videos saber um pouco mais da história desse importante inventor.





No fim do dia já esaustos e famintos fomos no Da Roberta ( food truck) comer um sanduiche de pastrami, batatas e Jefrey. Delicia de fim de noite.




Dia seguinte: a intenção era acordar e ir tomar um café daqueles tipo colonial na Confeitaria Colombo. Mas pulamos da cama cedo e como tínhamos que esperar a hora para ela abrir, fizemos um cafezinho preliminar em casa e só mais tarde seguimos para lá. 
Ela mais perece um cenário de filme, linda, preservada, uma verdadeira joia no meio daquele caos urbano típico de qualquer metrópole.
Fiquei mais encantada com seu estilo do que com os inúmeros e vistosos doces de suas vitrines.
Lógico que experimentei alguns, mas, para ser sincera, não me recordo do sabor. Acho que era porque estava entretida em olhar cada cantinho, o teto, o chão daquela maravilha, que não dei tanta importância ao que comia. Vale uma volta!














Depois desse café, seguimos para a exposição do Picasso que estava no Caixa Cultural. Lógico que estava eufórica para esta visita. Foi mágica!





Com 150 trabalhos - entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras e fotografias é possível passar por algumas de suas primeiras produções, pela fase azul e rosa, chegando ao cubismo até obras mais recentes, pintadas após a Segunda Guerra Mundial.



L'Homme á la casquette - (O homem de boné) - 1895

Pablo Picasso pintou esse quadro quando tinha apenas 14 anos de idade. Vemos que como muitos, a sua primeira escola foi a clássica.


La Mére et la soeur de lártiste brodant - (Mãe e irmã do artista, bordando) - 1896


Sur le chemin de l'école: Lola, soeur de l'artiste - No caminho da escola: Lola, irmã do artista) - 1895


Homme barbu de profil - (Homem com barba de perfil) - 1899-1900


Le Prisonnier - ( O Prisioneiro)- 1901


Le Repas frugal - (Refeição frugal) - 1904


Buste de Femme ou de marin (étude pour "Les Demoiselles d'Avignon") - Busto de Mulher ou Marinheiro(estudo para as "Senhoritas d'Avignon) - 1907


Homme à la guitare - ( Homem com violão) - 1911

Esta obra é um exemplo do cubismo inventado por Picasso.
"O cubismo se divide em um primeira fase (1908-1909) marcada pela geometrização e abertura das formas herdadas da pintura de Paul Cézanne; em uma segunda fase, chamada "analítica"(1910-1911), que se baseia na explosão do sujeito em uma profusão de planos abertos num espaço reconfigurado de grade retilínea; e por fim , em uma terceira fase chamada "sitética", inaugurada em 1912 com o surgimento de colagens e objetos..."
(Emilia Philippot)


Projet de rideau de scène pour le ballet Pulcinella: Arlequin dans la piste avec danseuse et écuyer - ( Desenho de pano de boca para o balé Pulcinella: Arlequim na pista com bailarina e cavaleiro)- 1920



Deux Femmes courant sur la plage (La course)- Duas mulheres correndo na praia (A corrida)- 1922


Jouerur de ballon sur la plage-( Jogadores de bola na praia)- 1928


Grande Baigneuse au livre-(Grande banhista com livro)-1937


Femme qui pleure VII - Mulher chorando VII - 1937


Le Baiser - O beijo - 1969


Ele foi um dos maiores mestres da arte do sec XX. Esse espanhol que viveu até os 91 anos. Um fato interessante é que as obras apresentadas nesta exposição eram pertencentes à coleção pessoal do artista.


Após ver esta magnifica exposição, fomos para o Theatro Municipal, que é bem pertinho. Fizemos uma visita guiada que foi bem produtiva. A guia era muito esperta, descreveu toda a história do Theatro de uma forma didática bem agradável. Ele que foi inaugurado em 1909, após mais de quatro anos de construção. Teve a sua última reforma entre 2008 e 2010 que o deixou magnífico novamente, tanto por fora quanto por dentro. É tão bom ver nosso patrimonio histórico sendo preservado. 








Infelizmente minhas outras fotos não ficaram tão boas. Preciso me concentrar mais quando for tirar futuras fotos. Detalhes preciosos dos mármores, piso, pinturas, portas e vitrais ficaram só na memória. Numa segunda visita irei me dedicar mais. Com certeza será um prazer retornar a este maravilhoso Theatro e trazer comigo um pedacinho dele em boas fotos.


Para fechar o dia fomos ver a exposição A Cor do Brasil que estava ocorrendo no MAR - Museu de Arte do Rio. Ela apresentava mais de 300 obras que, vindas da Argentina, Mexico e outras 12 instituições brasileiras, mostravam como a cor permeou suas obras. Entre elas, há várias de Eliseu Visconti, um dos mais importantes pintores impressionistas brasileiros (apesar de ter nascido na Itália).


Eliseu Vistonti- Mamoneiras- Morro de São Bento-1890


Eliseu Visconti - Patinhos-1897


Eliseu Visconti - Lavadeiras- 1891


Eliseu Visconti - Trigal - 1915


Di Cavalcanti - Mulatas de San Cristobal- Carnaval - 1927



Alberto da Veiga Guignard - Noite de São João - 1961


Tarsila do Amaral - A Feira - 1924



Tarsila do Amaral - Palmeiras - 1924


Tarsila do Amaral - O Touro - 1925


Tarsila do Amaral - Lagoa Santa - 1925



Tarsila do Amaral - Procissão - 1941



Lasar Segall - Kadish - 1918


Lasar Segall - Oração lunar - 1918


Lasar Segall - Encontro - 1919-1924



Candido Portinari - Índia Carajá - 1961




Ivan Serpa - sem título - 1964



Tomie Ohtake - sem título - 1959


O último dia descansamos um pouco e apenas fomos ao Bondinho do Pão de Açúcar. Ele foi inaugurado em 1912 e liga o Morro da Urca ao morro Pão de Açúcar. A vista lá de cima é muito bonita e há uma boa infraestrutura com restaurantes, cafés, lojas. Vi que lá há espaço para eventos. Imagino que deve ser um privilégio participar de um evento num local como aquele! Deve ser o local de eventos mais incrível do Brasil. 













Eu adorei ter conhecido o Bondinho e adoraria ir em um evento que fosse lá, mas ainda sim, o Cristo é o meu local preferido no Rio. Ele é incrível! Pelo tamanho, pela altura, pela vista, pela energia. Só indo para ver!