quinta-feira, 16 de julho de 2015

A serra dos paulistas



Aproveitando que o frio chegou de vez e o início do festival de inverno de Campos do Jordão, fomos subir a serra mais uma vez. E que serra! Eu não sabia, mas Campos do Jordão é a cidade mais alta do Brasil. Ela tem mais ou menos 1600 metros de altitude. A estrada até lá já é uma atração à parte, coberta por muito verde, muitas araucárias e alguns pontos de cerração que tornam a chegada uma delícia. Das outras vezes que estive em Campos do Jordão, como fui com menos tempo, me contive e fiquei apenas em Capivari. Desta vez quis conhecer algumas outras atrações da cidade e adorei.
Como nossa estadia seria em Santo Antônio do Pinhal e começava só às 14h, fomos visitar o Palácio da Boa Vista em Campos do Jordão. Chegamos bem cedinho, umas 9:30h e estava tão frio lá que fiquei preocupada se aguentaria ficar todos os dias com aquela temperatura. Pura falta de costume, pois há muito não sentia tanto frio.
A construção do castelo do governo já é bem imponente do lado de fora  e o melhor está do lado de dentro, um verdadeiro tesouro: as obras de diversos artistas.
O que mais amei foi: os quadros da Tarsila do Amaral ( Retrato de Mario de Andrade, Os Operários), Ismael Nery ( Retrato de Adalgisa, 1924), Candido Portinari ( Tempestade Acalmada), o mobiliário antigo e o piso de parquet.
Este palácio foi criado para ser residência de inverno dos governadores do estado de São Paulo, mas em 1970 ele passou a ser um museu já que o uso era muito restrito. Anexo ao Palácio há a Capela de São Pedro Apóstolo que é feita de concreto armado, com um pilar e paredes de vidro e circundada por espelhos d’água. Achei a capela bem moderna e diferente do habitual.
A visitação é feita em pequenos grupos e seguida por um monitor que vai explicando um pouco das obras e as funcionalidades  dos cômodos. Como o tour é um pouco rápido, assim que acabei um e vi que já estava para começar outro, segui com eles e pude apreciar mais uma vez as obras. Foi uma delícia! Queria poder puxar uma cadeira  bem confortável para a frente de cada quadro e ficar ali horas admirando-o. Que privilégio tem os familiares e convidados do governador em poder ter mais tempo para apreciar essas maravilhas!
A visita não tem custo e fiquei admirada com a organização, conservação e limpeza do local. Estão de parabéns!
Do lado de fora há um café com uma lojinha que proporciona uma vista linda. Após a visita seguimos para Capivari e fui me esquentar tomando um chocolate quente Martin na Kopenhagen, que é uma delícia. Recomendo muito. Achei muito mais gostoso do que os chocolates quentes que são servidos em várias casas de chocolates.
Já que estou falando de chocolates, lá há uma grande variedades de casas de chocolates e experimentei vários. Na Chocolate Montanhês experimentei o chocolate quente e a casquinha de laranja coberta por chocolate, mas não gostei tanto assim. Na Araucária comprei um barra/tablete de chocolate extra milk e achei um gosto muito forte de leite em pó. Também experimentei barrinhas de chocolate ao leite com flocos de arroz e chocolate branco mesclado com chocolate amargo (achei um pouco duros). Na Cacau Show  adorei ver a cidade em miniatura feita em partes de chocolate, também gostei da barra/tablete de cappuccino, do fondue de chocolate (o que era aquilo! maravilhoso!), já o chocolate quente não gostei. Na Bruno Alves experimentei alguns bombons de chocolate entre brasileiro e belgas e gostei de vários sabores (esses são vendidos por pesagem e vc pode escolher quantos quiser),  e por último comprei alguns no supermercado Pão de Açúcar que também foram aprovados. Nada mal essa degustação!



Cidade em miniatura.



Antes de ir para a pousada lanchamos na Matinal doceria em Santo Antônio que é recomendada no Trip. O local é simples mas com um bom atendimento e preços bem acessíveis. A famosa coxinha realmente é bem gostosa, vale apena pena experimentar. Lá há também bolos recheados e um sanduíche de pão de mandioquinha que foi o que mais gostei. Suspeita para falar de pão, porque eu sou uma adoradora de pães. Repeti-o em outro dia e não me arrependi.













Chegando na pousada que sensação boa: era tudo como no site ou até melhor. Que chalé maravilhoso! Novo, decoração linda, clean e confortável. Tudo estava limpo e em perfeitas condições. Como tem que ser! Moraria nele com maior prazer! Sempre que fico num lugar agradável assim, penso o porquê de precisarmos de uma casa tão grande. Não seria mais fácil e agradável morar num lugar pequeno, integrado e clean? Voltei com a ideia de que precisava de menos do que imaginava para ser feliz.



Entrada da pousada


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Chalé.



À noite fomos jantar no restaurante Gula Gula, no centro da cidade. Já havia ido a esse restaurante outras duas vezes e gostado. Mas dessa nem tanto! Pedimos uma lasanha de berinjela ao molho sugo e filé com legumes e arroz. Achei que a lasanha poderia ter o molho um pouco mais suave e em tamanho menor para favorecer o visual. O filé estava muito bom, no ponto certo, muito bem temperado.



          Terminamos a noite em frente a lareira degustando um vinho.



Lasanha de berinjela.







Já conhecia o café da manhã desta pousada de outras estadias e ele continua o mesmo: contido. Não é aquele café de pousada que sempre imaginamos. Sempre fico pensando que o valor da diária tem haver com as instalações e com os serviços ofertados, inclusive o café da manhã quando é incluso, sendo assim, com algumas exceções, se uma diária é $ ou $$ ou $$$ espera um público $, $$ ou $$$ que tem em seu cotidiano um certo nível de alimentação. Sem contar a expectativa que a maioria tem de que o café da manhã fora será sempre melhor do que o que você tem em casa. Lógico que as pessoas não vão a um lugar apenas para tomar café da manhã, mas é previsível que elas não querem tomar um café da manhã pior do que o que ela tomaria em seu lar. Acho que com  alguns pequenos ajustes e dedicação o café da manhã ficaria condizente com o resto da pousada.

À tarde, resolvemos dar uma olhada  no evento ( a Temporada de Inverno da cidade) que estava ocorrendo na praça principal, e fiquei encantada com tamanha simplicidade e ao mesmo tempo quão grandioso era. Havia um palco e nele várias crianças se apresentavam com alguma performance,  tocando algum instrumento ou cantando, foi muito legal! Queria que tivesse esse tipo de iniciativa em cada cantinho do Brasil. Também havia barraquinhas de comidas, de artesanato e até de flores.


Santo Antônio do Pinhal.


No sábado à noite já contava com uma reserva no restaurante Confraria do Sabor em Capivari. Estava ansiosa para conhecê-lo. E que grata surpresa! O restaurante é muito bonito, com uma decoração clean e moderna. Como havia ouvido falar que o couvert era uma delícia, pedimos e diante de tanta expectativa, fiquei um pouco desapontada. Não gostei dos diversos pães e manteigas.  Mas respeito quem goste! Como pratos principais pedimos o Filet de Robalo com crosta de bacalhau acompanhado de risoto de frutos do mar e meu marido foi de Truta Assada com crosta de pistache recheada com queijo boursin e purê de mandioquinha. Ambos estavam divinos! A posta do robalo era alta, muito macia e saborosa! Ando apreciando muito o peixe robalo. Como não costumamos pedir sobremesa, terminamos esta maravilhosa refeição com um café  e pés-de-moleque que o acompanham.





O restaurante Confraria do Sabor.







O interior.



O meu.




O dele.







Com tudo dando certo, o passeio não poderia terminar de outra forma, a não ser com um maravilhoso espetáculo: a apresentação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo regida pelo regente John Neschling e participação especial do saxofonista Simon Diricq no Auditório Claudio Santoro.
Foi minha primeira experiência com uma orquestra e achei sensacional! Adorei tudo, desde o regente explicando sobre a música a ser executada, as músicas em si, os instrumentos... Tudo perfeito! O auditório é lindo e como a apresentação começou à tarde e foi até o anoitecer, pudemos admirar várias nuances de luzes que vinham lá de fora pelos vitrais, e que deixavam o espetáculo mais bonito ainda. Saí de lá anestesiada de tanta emoção. Ainda lá pensei que adoraria poder levar pessoas que conheço para assistirem o que eu estava presenciando. Fiquei encantada com a quantidade de violinos -eram muitos- e deles saiam um som fino, agradável... Gostaria de mencionar os outros instrumentos que gostei, mas infelizmente eu não conheço os nomes.
As músicas executadas foram: Impressões Brasileiras de Ottorino Respighi, Fantasia para Saxofone e Orquestra e Choros n 6 de Heitor Villa-Lobos, Scaramouche para Saxofone e Orquestra de Darius Milhaud. Eu não conhecia quase nada sobre o maestro e compositor Heitor Villa-Lobos e depois das explicações do regente e da apresentação da orquestra, confesso que deu vontade de saber um pouco mais sobre música clássica. Achei muito interessante a ousadia que Heitor Villa-Lobos empreendia em muitas de suas obras com a incorporação de elementos populares e combinações inusitadas de instrumentos.
Queria muito ter acesso a mais apresentações como essa!
Eu não sei dizer se é por ser uma serra  paulista que deu tudo certo, mas que deu deu! A cada dia admiro os paulistas pela eficiência e por estarem serem à frente.




O maestro e os músicos.





O maravilhoso auditório.